No ano passado, o público corria para os cinemas para sentir a alegria de estar perto de uma estrela pop. Filmes como “Taylor Swift: The Eras Tour” e “Renaissance: A Film By Beyoncé” proporcionaram momentos de celebração, com fãs aproveitando a performances dessas mulheres icônicas. Agora, ser uma estrela pop nos cinemas parece muito mais assustador.
Terror e o estrelato pop estão em alta
O terror voltado para estrelas pop está ganhando popularidade. “Armadilha” de M. Night Shyamalan e o recente “Sorria 2”, dirigido por Parker Finn, são exemplos disso. Em “Armadilha”, o show da fictícia Lady Raven, interpretada por Saleka Shyamalan, serve como armadilha para capturar um assassino em série.
Já em “Sorria 2”, Skye Riley, uma vencedora do Grammy, interpretada por Naomi Scott, luta contra uma entidade demoníaca que a leva à loucura, fazendo-a enfrentar alucinações violentas. Seus fãs e equipe acham que é apenas mais uma recaída nas drogas, mas na verdade é um monstro que a manipula para que ela tire sua própria vida.
Ambos os filmes são produtos de um momento em que o negócio de ser uma estrela pop é maior do que nunca. Eventos como as turnês The Eras e Renaissance se tornaram momentos marcantes do mundo da música, além de servir como inspiração para cineastas.
Shyamalan falou sobre isso em uma entrevista para o site sobre a indústria de filmes Empire. “Qual sua premissa para “Armadilha”? “E se ‘O Silêncio dos Inocentes’ acontecesse em um show da Taylor Swift?”, o diretor respondeu.
A pressão de ser uma estrela pop
No evento, Skye assina autógrafos e sorri para fotos com pessoas que a admiram. Mas então, um homem perturbador se aproxima. Ele tem cabelo longo, pele descuidada e um olhar maligno. Ele logo faz uma abordagem a Skye e precisa ser escoltado para longe.
Depois de um tempo para respirar, ela volta às suas tarefas e é abordada por uma garota de tranças. A criança não diz nada, apenas exibe o sorriso assustador da criatura maligna que infectou Skye. Quem é o verdadeiro vilão aqui? O homem nojento? A garotinha? Ou ambos? Ficamos nos perguntando se um é um fã ultrapassando limites ou alguém mais sinistro.
Toxicidade no fandom
Esse cenário também nos faz lembrar de Chappell Roan, cujo álbum “The Rise and Fall of a Midwest Princess” transformou a artista em uma verdadeira sensação este ano.
Depois que ela publicou uma série de vídeos denunciando o assédio de fãs em agosto deste ano, uma onda de debates surgiu sobre se ela estava sendo ingrata pelo seu sucesso. Em resposta, Chappell denunciou no Instagram o que ela chamou de “comportamento predatório (disfarçado de ‘superfã’) que se normalizou devido à maneira como mulheres conhecidas têm sido tratadas no passado.” Ela acrescentou: “Por favor, não ache que você sabe muito sobre a vida, a personalidade e os limites de alguém apenas porque está familiarizado com eles ou com seu trabalho.”
Se você resumir a problemática de Chappell, de que as pessoas acham que têm direito a seus afetos e seu corpo porque ela é famosa — é exatamente o que “Sorria 2” mostra.
Ser uma figura pública já é aterrorizante, mas para estrelas pop, pode ser ainda pior. Os fãs têm uma conexão emocional intensa com a música dos artistas, o que pode levar a situações extremas. No novo documentário da Hulu, “Fanatical: The Catfishing of Tegan and Sara”, vemos como a interação genuína entre Tegan e Sara com seus fãs se transformou em uma armadilha maliciosa de catfishing, em que roubaram suas informações pessoais. “Quando você atinge um certo nível, uma parte da sua base de fãs fica tão intensa que estraga tudo para o resto,” diz Tegan no filme.
Há uma espécie de violência na fama pop. No remix recentemente lançado da música “Sympathy Is a Knife,” de Charli XCX, com a participação de Ariana Grande, as duas vozes usam uma imagem que poderia facilmente estar em um filme de terror ao cantarem: “É uma faca quando você finalmente está no topo, porque logicamente o próximo passo é quererem te ver cair.”
Horror e fama andam lado a lado
Tanto “Sorria 2” quanto “Armadilha” exploram o medo que surge da vulnerabilidade de cantar e dançar na frente de um grande público. Uma estrela pop pode estar se apresentando para alguém cujo amor e admiração são genuínos ou para alguém que não hesitaria em matá-la. Ou talvez, como em “Sorria 2”, o público esteja torcendo para que você cometa um erro. Há flashbacks de imagens de paparazzi de Skye no meio de um colapso, que lembram fotos de Amy Winehouse e Britney Spears.
Ser uma estrela pop significa, às vezes sem querer, participar de uma espécie de histeria coletiva, não importa de que lado do palco você esteja. Talvez seja por isso que o terror consiga capturar isso tão bem.