Se tem uma coisa que Like a Virgin, o segundo álbum de Madonna, fez foi arranjar espaço para que a “Rainha do Pop” conquistasse de vez o trono do pop mundial. Lançado em 12 de novembro de 1984, o disco fez história não apenas pelas músicas que se tornaram clássicos instantâneos, mas também pela forma como transformou Madonna em um ícone global da cultura pop. Quarenta anos depois, o LP continua soando tão relevante quanto naquela época. 

Na época, uma das faixas mais icônicas, Material Girl, já dava o tom do que estava por vir: uma provocação afiada à sociedade consumista dos anos 80. “É porque nós estamos vivendo em um mundo materialista, e eu sou uma garota materialista”, canta Madonna, tirando sarro dos yuppies, jovens focados apenas no trabalho e na ostentação financeira. Quarenta anos depois, e não é que Like a Virgin segue extremamente atual? As redes sociais estão repletas de vídeos exaltando o sucesso financeiro puro e simples, a educação financeira, coaches e, claro, a balela de que a felicidade está em um iPhone. O tempo é mesmo cíclico.

Quando Like a Virgin chegou às lojas, Madonna não era apenas uma cantora pop – ela se tornava uma superestrela, colocando o Brasil e o mundo para cantar Like a Virgin no refrão e, claro, levando a audiência a delirar com os vídeos na MTV. Mas, apesar de sua imensa popularidade. É um trabalho bem equilibrado, em que as faixas não são superexpostas a ponto de saturar o ouvinte. Inclusive, o Lado B do disco reserva algumas pérolas que só o tempo revelou, e são uma surpresa ao ser ouvido em 2024.

Entre os maiores sucessos do disco estão as já citadas Material Girl e Like a Virgin, mas há outras faixas que também marcaram época, como Angel, Over And Over e Dress You Up. No entanto, é claro que o grande marco do álbum foi o seu videoclipe, onde Madonna, com vestido de noiva e uma sensualidade latente, dava uma nova perspectiva ao conceito de virgindade e desejo. Isso aconteceu na inauguração do MTV Video Music Awards de 1984, quando Madonna, sensualizando até o último fio de cabelo, cantou Like a Virgin ao vivo pela primeira vez. O look de noiva, eternizado até hoje, se tornou um dos maiores ícones da música pop, sendo imortalizado em suas performances ao longo das décadas.

O disco também conta com a produção de Nile Rodgers, do Chic, e isso ajuda a explicar o toque único de Like a Virgin em relação a outros trabalhos de Madonna. A colaboração com Rodgers foi resultado da admiração de Madonna por seu trabalho com David Bowie, e essa parceria se revelou brilhante. 

Aliás, vale lembrar como foi a trajetória do álbum na parada da Billboard. Se hoje os álbuns começam sua trajetória com vendas estonteantes, Like a Virgin começou em um modesto 70º lugar. Uma semana depois, estava na décima posição, e logo depois, no topo das paradas, onde ficou por semanas. Sua música-título foi a primeira de Madonna a chegar ao número 1 na Billboard Hot 100, e aquele sucesso nunca mais foi superado – até hoje, ela tem 12 músicas número 1 no ranking.

A música Like a Virgin, composta por Billy Steinberg e Tom Kelly, com produção luxuosa de Nile Rodgers, foi a porta de entrada para a fase mais ousada de Madonna. Ali, ela começou a flertar abertamente com o tema do sexo, utilizando suas letras e videoclipes para fazer insinuações e questionar as normas sociais.

O videoclipe da música, dirigido por Mary Lambert, é um marco da música pop. Madonna, usando o icônico vestido de noiva, passeia por Veneza, interpretando uma mulher virgem por escolha, mas com uma atitude desafiadora em relação à sexualidade. O vestido de noiva se tornou sinônimo da música e da própria carreira de Madonna, rendendo performances memoráveis, como as feitas por ela mesma no VMA de 1984 e, anos depois, com Britney Spears e Christina Aguilera em 2003.

Com o tempo, a música Like a Virgin seguiu como um dos maiores hinos da carreira de Madonna. Hoje, ela faz parte de The Celebration Tour, que é uma verdadeira homenagem à sua carreira, onde a canção é misturada com outra gigante do pop: Billie Jean, de Michael Jackson, que foi lançada no mesmo ano. Uma referência simbólica aos dois maiores ícones do pop.

Quarenta anos depois, Like a Virgin é mais do que um disco – é um pedaço da história da música pop, uma obra atemporal que continua a refletir questões sociais, culturais e até mesmo políticas, tudo isso com um toque de irreverência e ousadia. O que Madonna fez naquela época foi transformar um simples álbum em um fenômeno global, e a prova de que a música pop não tem idade é que, quatro décadas depois, Like a Virgin ainda continua encantando gerações.

Nascido em 2003 na cidade de São José dos Campos, estudante de jornalismo na Univap. Apaixonado por música, filme, teatro e tudo que envolva cultura, dedica-se também à fotografia. É escoteiro e atua em diversos projetos voluntários, experiências que enriquecem para ele é um dos pontos que o motivam na carreira jornalística.