Após conquistar o público com mais de 60 shows em sua primeira turnê, Lvcas está pronto para revelar uma nova fase de sua carreira musical. Conhecido por seus vídeos de humor e música no canal Inutilismo, ele agora estreia no rock com seu primeiro álbum 100% autoral, intitulado “Humanamente”.

Lançado na última sexta-feira (08), o cantor apresentou toda a sua faceta artística e versátil em um projeto de 16 faixas com rock metal e reflexões profundas sobre os dilemas da vida humana. “Gosto muito de entender as coisas que passam pela nossa cabeça, como nós, seres humanos, somos tão cheios de nuances e camadas. Somos seres de múltiplas dimensões”, conta o artista.

Em um bate-papo com o Conexão POP, Lvcas fala sobre o processo de criação do disco, seu lado inseguro em composições e até aposta em um lado produtor. O cantor também revela os próximos planos para 2025.

Humanamente está entre nós. Como foi a jornada de processo de criação desse disco?

Gosto muito de entender as coisas que passam pela nossa cabeça, como nós, seres humanos, somos tão cheios de nuances e camadas. Somos seres de múltiplas dimensões. Acredito que o álbum Volátil fala muito sobre isso. Não sou uma pessoa que é apenas triste ou apenas feliz. Sou uma pessoa que, em diferentes momentos, fica triste, feliz, confiante, insegura. Passo por todas essas emoções.

Acho que esse álbum é um passeio por esses estados. Tem músicas que refletem momentos de maior confiança, em que parece que nada pode nos abalar. Outras músicas expressam momentos pessoais de dor, e há também aquelas que falam sobre estar num lugar de insegurança.

Imagem: Johnny d’Avila

Mesmo sendo um álbum eclético, tanto no clima quanto na intenção das letras, tudo ali faz parte da mesma pessoa. E ser humano é isso: ter várias faces, múltiplas dimensões. Acho que é por aí que o álbum caminha.

Antes do lançamento, você lançou um EP com algumas faixas e posteriormente o lançamento do disco. Qual foi a importância das faixas escolhidas pra chegarmos nesse momento?

A ordem das músicas no álbum não é aleatória, foi pensada cuidadosamente. Ele é estruturado de forma dinâmica, começa de maneira mais intensa, quase como um atropelo, e depois dá uma pausa, uma respirada. Em seguida, a energia volta, e então há outra pausa. O álbum vai levando o ouvinte por diferentes momentos, e isso sempre foi algo que eu quis fazer. Mesmo quando estava lançando as faixas individualmente, eu pensava: “agora é o momento de trazer mais energia” ou “agora é o momento de desacelerar”.

Por exemplo, a música “Tão Perto” já tinha a letra pronta antes mesmo de a ideia da música estar completamente finalizada. Quando fui escolher a segunda faixa, foi um desafio. Eu pensava: “O que vem agora? Será que já é o momento de desacelerar?” E senti que ainda não era hora de tirar o pé. Originalmente, a segunda música seria outra, talvez “Volátil” ou “Tão Perto”, mas à medida que o álbum foi tomando forma, percebi que essas escolhas precisavam ser revisadas.

Conversando com o Marcelinho, o produtor, eu disse: “Mano, precisamos primeiro estabelecer uma identidade mais clara antes de mostrar toda a diversidade do álbum.” Isso porque a quarta música, por exemplo, é a mais diferente do disco. Ela explora muitos territórios musicais e, como segunda música, eu tinha medo de gerar um estranhamento no público, o que pode ser interessante, mas também perigoso. Então, decidimos manter essa diversidade para mais adiante no álbum.

Você mencionou que sempre teve uma certa insegurança no processo criativo de suas músicas. E seu álbum tem todas as faixas escritas por você, sem ajuda de ninguém. Como foi trabalhar com o produtor Marcelo Braga na criação desse álbum? O que essa parceria trouxe de especial para o projeto?

Além da parte técnica, eu sempre falo para todo mundo: para esse tipo de som, o Marcelinho é, de longe, o melhor que conheço no Brasil. Posso bater no peito e dizer que o som do meu disco, a mixagem dele, é de uma qualidade impressionante. Se você tiver um bom fone, um sistema de som de qualidade ou uma boa caixa de som em casa, vai sentir a força do som.

São muitas camadas, né?

Pois é! O Marcelinho tem uma grande influência no projeto. A mixagem tem a assinatura dele, que é quase um “atropelo” de tão impactante. Além disso, ele tem uma visão muito mais ampla como produtor. Eu consigo montar minhas ideias, criar uma música, mas não sou produtor. Não me colocaria nessa posição. Então, ter alguém com a expertise técnica é essencial. Ele sabe quando cortar ou ajustar algo, tipo, “isso aqui não entra”, ou “vamos fazer de outra maneira”.

Às vezes, eu chego com ideias muito cruas e literalmente jogo no colo dele, e ele transforma aquilo em uma música com cara de música. Ele tem um papel essencial nesse processo. Aprendi muito com ele e continuo aprendendo. É uma pessoa muito importante na criação do álbum.

Imagem: André Desculpes

Você já pensa no Lucas também como produtor?

Acho que é um caminho natural, né? Estar ao lado do Marcelinho e de outras pessoas que produzem me ensinou muita coisa. Basicamente, tudo o que sei sobre produção herdei do Marcelinho. Quando começamos a trabalhar juntos, eu sabia bem menos, e hoje já consigo me virar. Eu já conseguiria fazer uma música, mas ainda não me considero totalmente autônomo nesse sentido.

Ainda não estou no ponto de entregar uma música de forma que eu considere profissionalmente decente, especialmente no que diz respeito à mixagem e masterização. Aliás, muitos excelentes produtores não se envolvem com essas etapas. Muitos produzem e, depois, entregam a mixagem para uma pessoa e a masterização para outra.

O mais interessante é que nós fazemos todo esse processo apenas em dois. O Marcelinho produz, capta, mixa e masteriza, e ver o produto final com essa qualidade é muito gratificante. Pode ser que um dia isso mude, mas, por enquanto, o Marcelinho é quem cuida de tudo e faz isso de maneira impecável.

Você é conhecido pelo humor e pela música no canal Inutilismo. Como essas duas facetas se conectam com o LVCAS, músico que criou “Humanamente”?

Essa é uma pergunta que já respondi até para amigos próximos: onde separar o Lucas músico do Lucas do Inutilismo? Eu sempre digo que eles estão segmentados, mas não separados. No meu canal, que é muito voltado para o humor, eu sempre coloquei música de algum jeito. Sempre misturei as duas coisas, seja tocando ou fazendo algo relacionado à música. E o oposto também acontece: nas minhas músicas, o humor, que é uma parte muito forte da minha personalidade, aparece em várias faixas.

Por exemplo, há uma faixa no álbum que é simplesmente uma tiração de onda, 100% piada. Essa música é uma forma de mostrar que sou eu ali, sem filtros. Ela reflete a ideia de que uma pessoa que faz piada também pode ser triste, também tem problemas, e também gosta de cantar sobre momentos de autoconfiança. Acho que essa faixa precisava existir. Senti que, por causa da conexão afetiva com quem me acompanha há tanto tempo, principalmente pelo lado do humor, ela fazia sentido.

Quando mostrei essa música para as pessoas, a reação foi sempre positiva. Todo mundo ria e falava: “Cara, você colocou até o ‘sapo da turma laca’ na música!” Isso reforça que minha essência está ali, misturando humor e música, e mostrando diferentes facetas de quem eu sou.

Você fez uma turnê ano passado e teve um encerramento em São Paulo. O que você pretende explorar no ano que vem? Os fãs podem esperar novos shows, lançamentos e muito mais nessa veia de rock?

Estamos muito focados agora na montagem da nova banda para tocar esse projeto. Inclusive, o Marcelinho, que é o produtor, será o baixista e estará no palco comigo, o que é bem legal. Estamos 100% focados no primeiro show, que será no dia 23 de janeiro. Anunciamos hoje e já começamos a vender ingressos.

Quanto ao futuro, sou uma pessoa muito pé no chão. Sempre digo que não gosto de garantir nada, porque sei que cada história é única. Só porque ontem fiz um show para 8 mil pessoas, não significa que o próximo terá o mesmo resultado. Tudo depende de vários fatores.

Mas a minha intenção e vontade com certeza é levar esse projeto adiante e montar um show incrível em torno dele. A parte que mais amo é estar em cima do palco, e quero levar isso para o Brasil inteiro. Também pretendo continuar, no ano que vem, lançando singles novos de tempos em tempos, quem sabe até um EP.

As pessoas sabem que eu tenho essa veia no rock e no metal, é onde eu me encontro como músico. Mas elas também me veem, há muito tempo, flertando com outros estilos. No álbum, por exemplo, tem uma faixa de synthwave pop com solo de guitarra, que é algo diferente do que as pessoas esperam de mim. Então, enquanto elas podem esperar o que já conhecem, também podem se preparar para o inesperado.

Tenho 25 anos, sou repórter, publicitário e obcecado pela cultura pop.