Falta pouco menos de um mês para a potência do rap brasileiro Karol Conká subir mais uma vez ao palco do Rock in Rio. Em sua terceira vez no festival, a artista irá se apresentar no dia 21 de setembro – o Dia Brasil – no Palco Sunset ao lado de Criolo, Djonga, Marcelo D2, Rincon Sapiência e Xamã, em um espetáculo chamado Pra Sempre Rap.

E, para além da apresentação histórica ao lado de nomes consagrados do rap, Karol Conká reserva diversas novidades, sobretudo para o próximo ano. Em entrevista para o Conexão Pop, a curitibana confirmou que lançará seu novo álbum de estúdio em 2025 e prometeu algumas surpresas para celebrar seus 25 anos de carreira, incluindo parcerias e novos direcionamentos artísticos. 

E enquanto o “Urucum”, lançado em 2022, foi fortemente influenciado pelo pagode baiano e refletiu um processo de cura vivido pela rapper, Karol Conká, apesar de dizer que não pode dar muitos detalhes sobre a futura era, adianta que seu próximo projeto será mais “sensível” e irá trazer uma mistura de tudo o que a artista vivenciou em duas décadas e meia de carreira. Ela também revela que a obra terá várias colaborações e sonoridades até então nunca exploradas em sua discografia.

Entrevista com Karol Conká

Karol Conká
Foto: Reprodução

Essa é a terceira vez que você se apresenta no Rock in Rio. O que mais mudou na sua carreira de 2017, na sua primeira vez no festival, para agora?

Nossa, eu tô muito feliz de fazer parte dessa comemoração de 40 anos do Rock in Rio e feliz por subir pela terceira vez nesse palco. De lá para cá muita coisa aconteceu na minha carreira para me nutrir mais e me deixar mais forte para subir nos palcos. De lá para cá eu amadureci muito, fiz novas amizades, novas conexões, aprendizados, muitas viagens e aprendi muito sobre mim. Eu passei muitos anos focada em só seguir, seguir, seguir…

Depois, quando entrou a pandemia, parece que deu uma baixa em todo mundo e todo mundo teve que parar para refletir sobre o que a gente já tinha feito, o que a gente estava fazendo e queria fazer. E eu tive esse esse momento de reflexão, essa jornada, esse mergulho profundo no autoconhecimento que foi assistido por todo mundo, né? Por ser artista há tantos anos, não teria como não evoluir e não ter o público evoluindo junto comigo e acompanhando essa minha evolução.

Então de lá para cá eu vejo que além de ter conquistado novos públicos e mantido pessoas que se conectam com a minha essência, eu também consegui me conectar com coisas elementos novos para minha vida, para minha carreira, desde musicalidade à experiência de vida. Acho que esse mergulho na terapia também ajudou muito a me conhecer, a me perceber e me respeitar também, né? Entender quais são os meus limites. Então de lá para cá eu acho que eu tô eu tô melhor. 

Ano passado, você se apresentou no The Town e a gente lembra que você ousou com um look de cobra e teve até prévia de música nova. O que podemos esperar do seu show no Rock in Rio nesse quesito?

No show do Rock in Rio, eu vou aproveitar o clima de comemoração para enaltecer outras mulheres que estavam na cena do rap nacional, que estão na cena antes de mim, porque é um momento de celebração da música brasileira e, acima de tudo, ali também das mulheres no rap. Então eu estou preparando uma apresentação especial, com a direção musical de Zé Ricardo e (Daniel) Ganjaman. Estou empolgada e não posso falar muito sobre como vai ser, mas teremos uma apresentação inédita e muito energizante. 

Foto: Manuela Scarpa/Ag News

Nesta edição do Rock in Rio, você vai se apresentar no Dia Brasil, com um show voltado para celebrar o rap nacional junto a Criolo, Djonga, Marcelo D2, Rael, Rincon Sapiência e Xamã. Você está animada para dividir o palco com eles? Qual a sensação de fazer parte deste dia?  

Estou animada de subir no palco junto com esses grandes nomes, tenho uma boa relação com todo mundo ali e não vejo a hora de poder começar o esquenta dessa comemoração. Porque junto com com os 40 anos do Rock in Rio e da minha presença ali no festival, eu e meu time também estamos montando um aquecimento para a comemoração dos meus 25 anos de carreira pro ano que vem.

Então teremos um álbum cheio de feat e produções maravilhosas. Então nesse dia eu acredito que o meu espírito de gratidão, de coletivo da mulherada do rap, estará presente ali. E eu espero que vocês estejam antenados nas minhas redes sociais para acompanhar essa comemoração, essa homenagem. 

Você falou que não pode falar muito do show, mas você pode adiantar alguns dos hits que já estão certos de estarem no show? Será que vai ter Saudade, Tombei, Louca e Sagaz?

Será? (Risos). Não tenho como te dizer isso porque a gente está trabalhando junto com os diretores e a gente ainda está definindo quais dessas músicas a gente vai cantar no dia. Provavelmente o número vai ser mais reduzido pelo pelo fato de ser um uma apresentação especial, então os artistas vão subir no palco com uma apresentação totalmente inédita e exclusiva. Então a gente não sabe ainda quais são essas músicas. 

Qual artista você está mais animada para ver no Rock in Rio esse ano?

Eu quero ver Mariah Carey, Gaby Amarantos, Majur… Deixa eu ver quem mais…Todo mundo que puder, mas essas são as principais. E todo o pessoal do rap que vai cantar, mas eu já estarei ali com eles vendo tudo. 

Karol Conká no Rock in Rio de 2019 (Foto: Anette Alencar/I Hate Flash)

Karol, em uma entrevista recente sua, você disse que já estava no processo de criação de um novo álbum e que ele seria bem diferente do Urucum, trazendo um lado seu mais sensível. Você pode falar mais um pouco sobre isso? Esse seu novo momento pode ser visto ainda este ano? Qual a sonoridade do disco? 

Esse álbum vai ser uma mistura de tudo que eu vivi nesses 25 anos, então vai ser bem mesclado, bem da minha vibe mesmo, da minha personalidade, né? Que ora tá rindo, ora tá dando rajadão, ora tá refletindo (risos). Então esse álbum vai ser assim, mas eu acho que ele vai ser mais denso no sentido de ter mais produtores envolvidos. O formato que eu fazia antes e que eu costumo fazer é sempre só eu e um produtor no estúdio, eu escrevo todas as músicas e o produtor ali produzindo, dessa vez eu quero chamar mais colaboradores, porque eu acho que é um momento de comemorar mesmo.

Então, se eu puder ter pessoas que já me acompanham ao longo da minha vida, da minha carreira, que me conhecem, eu acho que seria sensacional. Esse álbum vai ser mais sensível pelo fato de eu trazer mais um ponto de vista não tão explorado assim nas minhas outras músicas.E sonoridades também que ainda não foram exploradas… Aquelas, tô fazendo um mistério (risos). 

E você pretende dar um start nessa nova era só no ano que vem, né? 

Sim, só ano que vem. Esse ano eu vou lançar feat com os meus amigos, em breve vem aí com a Clementaum, fiz um com o (Thiago) Pantaleão…Ano que vem a gente começa a abrir os trabalhos e os champanhes. 

Como é a sua relação com os fãs? Como isso se reverbera no seu trabalho, se eles te pressionam, e qual a expectativa de ver eles de pertinho no Rock In Rio de novo?

A minha relação com os meus fãs eu acho que é ótima, dourada, e eu sinto que eles me respeitam. Eu sinto que os meus fãs não fazem pressão, eu não me sinto pressionada por eles, de verdade. Não existe aquela cobrança ou insatisfação por eu estar demorando a lançar algo. Eu acho que os temas saúde mental e filosofia sempre estiveram presentes nas minhas músicas,no meu comportamento nas entrevistas e eu acho que o meu público entende isso como se a gente tivesse uma convivência diária mesmo sem eu mandar mensagem.

Sabe aquele grande amigo que você tem que você pode ficar dias sem mandar mensagem mas quando manda é a mesma conexão? Eu tenho essa relação com com o meu público, então eles entendem, respeitam e já sabem que eu tenho a minha cabeça de capricorniana, metódica (risos). Eu também não tenho muita paciência para algumas coisas, então eles sabem que eu não sou uma fissurada por charts, eu não eu não tô ali desesperada por números, então logo eles já entendem que eu não vivo essa pressão, que eu não mergulho nela e que vai ser uma energia gasta me pressionar para lançar algo.

Eu não gosto de viver na pressão, o meu público sabe que se me pressionar eu vou acabar fazendo um trabalho não tão legal e consequentemente vou ficar infeliz com esse trabalho que eu não fiz tão bem e posso cair numa depressão e não fazer música nunca mais. Então é melhor respeitar o tempo da mamacita (risos), respeita a saúde mental dela que daqui a pouco tem um álbum novo. Mas eu estou louca para chegar logo com esse álbum e, ainda no ano que vem, vamos preparar uma surpresa para os fãs em comemoração aos 25 anos.

E por último, poderia mandar uma mensagem pros seus fãs que te acompanham aqui no Conexão Pop?

Eu quero dizer para meus fãs do Conexão Pop que eu adoro receber o acolhimento, o carinho e o reconhecimento (de vocês) e dizer que todos nós só precisamos de nós. Agora fui poeta, peguei essa da música do Emicida (risos). 

Jornalista, escritor, noveleiro e apaixonado por cultura pop.