Para os meninos do Jovem Dionisio, 2025 já começou acelerado e cheio de marcos importantes. Depois de uma indicação ao Grammy Latino, uma turnê de sucesso e mais um hit viral, a banda curitibana está prestes a viver mais um sonho: sua estreia no Lollapalooza Brasil. O show, que acontece no primeiro dia do festival, será um divisor de águas para o grupo, que promete uma apresentação completamente reformulada.
“Desde que recebemos o convite, decidimos que esse show precisava ser uma virada de chave”, conta Bernardo. “Paralisamos tudo e começamos a repensar tudo que queríamos para esse momento. O Lolla sempre foi uma meta pra gente, então resolvemos tratar esse show como um recomeço.”
E as mudanças são muitas: músicas novas, versões diferentes e uma estrutura de palco mais elaborada. Mesmo com a Cadeiraria Tour ainda na estrada, o grupo decidiu modificar grande parte do setlist e da produção para tornar a experiência única. “Estamos trazendo algo fresco, algo que represente essa fase nova”, completa Gabriel.
Batemos um papo com a banda, confira abaixo.
Vamos começar falando sobre o show de vocês no Lollapalooza. A apresentação é no dia de abertura do festival, como está a expectativa?
Bernardo: A expectativa tá mil, cara! A gente vem trabalhando nesse show faz um tempo e, agora, o foco tá todo nele. Paramos tudo que estávamos fazendo, qualquer outro projeto, qualquer outra coisa da vida, pra dedicar 100% a essa apresentação.
De todos os shows que já fizemos, esse vai ser diferente. Quando recebemos o convite do Lollapalooza, pensamos: “Pô, vamos fazer desse show um novo marco pra gente, uma virada de chave”. Queremos trazer uma nova sonoridade pro palco, mudar a experiência, testar coisas novas.
Nossa segunda turnê começou em junho, mas, de lá pra cá, fomos olhando e pensando: “Cara, vamos mexer nesse show”. Então, adicionamos músicas novas, tiramos algumas, mudamos versões… Tudo pra trazer algo fresco. A gente tá muito animado, porque sempre que rola um show novo, a vontade de tocar logo é absurda!
Essa é a 1ª vez de vocês no festival e atualmente vocês estão na estrada com a “Cadeiraria Tour”. Podemos esperar um show novo?
Gabriel: Cara, realmente vai ter muita música nova. Muita coisa… A gente tá preparando uma produção gigantesca. Todo dia surge uma ideia nova, e estamos reestruturando grande parte das músicas e produções que já tínhamos.
Pra essa tour, a gente ainda carrega a essência da Cadeiraria Tour, mas, ao mesmo tempo, esse show já tá tomando um caminho mais independente. Não vai ser igual ao que a gente vinha fazendo. Por isso, estamos sentando agora pra repensar cada detalhe, focando especialmente no show do Lolla.
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É algo que sempre sonhamos, sabe? Desde o começo da banda, desde os primeiros passos na música, tocar no Lollapalooza era uma das nossas metas. E, quando finalmente surgiu a oportunidade, pensamos: “Cara, pro Lolla, a gente tem que mudar bastante coisa”. Então, pegamos tudo que deu certo até agora e estamos reorganizando tudo de um jeito que faça sentido, tanto pro festival quanto pra fase nova que estamos vivendo.
2024 foi um ano intenso. Vocês lançaram um novo disco, teve turnê, mais um viral no TikTok. Como vocês se sentem com esse avanço?
Bernardo: Cara, acho muito da hora ver que a gente veio de Curitiba, um lugar que não tem tantos representantes nesses festivais, e, mesmo assim, conseguimos fazer barulho e chegar onde chegamos. No começo, nem passava pela nossa cabeça que dava pra fazer tudo isso, que era possível alcançar esses espaços.
Do primeiro pro segundo disco, a gente sacou muito melhor o nosso lugar. Percebemos que realmente estamos fazendo o que deveríamos estar fazendo. A gente começou como banda de colégio, tocando em festa, só pra fazer bagunça mesmo, e, de repente, vimos que nosso gosto e amor pela música nos levaram pra lugares que nem tínhamos planejado direito.
O Lolla era uma coisa que a gente comentava, mas sem ter noção de como chegar lá. Outros festivais, como Rock in Rio e Primavera Sound, nem eram assunto pra gente. A gente falava “Pô, seria legal tocar no Lolla um dia”, mas não fazia ideia do caminho pra isso acontecer. Era um sonho, mas sem nenhum plano concreto.
Nosso único plano sempre foi fazer a melhor música que conseguíssemos. E acho que conseguimos enxergar que somos bons nisso. Pelo menos, somos bons em fazer a música que a gente gosta, sacou?
E também tivemos a indicação ao Grammy Latino, certo?
Gabriel: Exatamente! A gente não tinha nenhum plano, nem sabia por onde começar a traçar uma estratégia pra isso acontecer, sacou? Somos uma banda independente, de Curitiba, sem tantos contatos na cena. A gente sempre ficou mais enfurnado no estúdio, fazendo as músicas do jeito que conseguíamos.
Então, essa indicação só reflete tudo isso que eu falei. A gente gosta muito do que faz e, pelo jeito, estamos no caminho certo, porque tem mais gente ouvindo e gostando também. Música, no fim das contas, é expressão artística, e o objetivo é conectar com as pessoas. Se isso tá rolando, é porque o que estamos fazendo tá funcionando.
É muito bom ver essas coisas acontecendo sem que a gente esteja tentando forçar nada. Elas simplesmente são consequência da música que a gente faz.
Depois de todo esse sucesso, isso mudou? Muitas pessoas entraram em contato, como agências e empresários…
Bernardo: A gente sempre curtiu fazer as coisas do nosso jeito. Desde o começo, a gente queria mostrar visualmente tudo da forma que a gente gostava, seja na comunicação, nos clipes ou nas redes. O Uber, por exemplo, é um dos caras que cuida dos clipes e da nossa comunicação no Insta e em outras plataformas. Sempre pensamos que a forma como a gente se comunica precisava ser algo genuíno, sem parecer algo plástico ou forçado. Não que exista um jeito certo ou errado de fazer isso, mas esse foi o nosso caminho, e acho que foi um dos fatores que nos trouxe até aqui.
Na parte musical, foi a mesma coisa. No começo, a gente não sabia nada sobre ser uma banda independente. Nem sabíamos o que significava não ser uma banda independente, o que fazia um produtor musical, nada disso. Muita gente foi nos ajudando e nos dando conselhos ao longo do caminho. E, no fim, conseguimos chegar a lugares que nem imaginávamos.
O Felipe Simas, por exemplo, foi um desses caras que ajudou muito. Ele não dava exatamente um caminho pronto pra gente seguir, mas fazia perguntas que nos faziam refletir e encontrar nossas próprias respostas. E foi assim que a gente foi aprendendo a tomar nossas próprias decisões.
Gabriel: Se erramos no meio do caminho? Com certeza. Mas sempre soubemos que as escolhas eram nossas. Quando algo dava errado, a gente entendia que tinha sido uma decisão coletiva e usava isso pra acertar na próxima. E, até agora, acho que não erramos tanto assim, né? Pelo menos, os resultados mostram que estamos no caminho certo.
Claro, nos bastidores sempre rolam alguns perrengues, algumas decisões que quase dão errado, mas isso faz parte da produção. O importante é que, no palco, tudo acontece como tem que ser.

Você tinha falado de metas, mas, tem algum plano para vocês neste ano?
Bernardo: Cara, eu quero muito tocar no The Town esse ano! A gente teve uma conversa lá no começo do ano passado – ou talvez até do outro ano – onde rolou uma reunião entre nós pra falar sobre o que a gente queria, quais eram nossas vontades e até onde a gente achava que poderia chegar. Foi nesse papo que surgiu o Lollapalooza como um objetivo.
A gente já tinha tocado em festivais como Rock in Rio, Primavera Sound e Rock The Mountain, mas o Lolla sempre foi especial. É um festival que acontece em São Paulo, que a gente já tinha ido só pra curtir como público. Pra mim, tem um peso emocional grande, porque agora, em 2025, faz 10 anos que fui ao meu primeiro Lollapalooza. Fui assistir ao Alt-J em 2015, nem tava na faculdade ainda… Então, todo mundo na banda tem alguma memória forte com esse festival.
Gabriel: Falando sobre metas pra esse ano, nosso objetivo é trazer ainda mais do que temos hoje na mesa. Lançamos Acorda Pedrinho em 2022, depois veio nosso segundo disco no ano passado, em 2024. Mas a real é que a gente muda muito rápido – os nossos gostos, vontades e o que queremos explorar na música. Entre o primeiro e o segundo disco, o processo foi parecido em termos de construção e intenção musical, então eles se conversam bastante. Mas agora a gente sentou pra conversar de novo e percebeu que queremos algo novo, um novo desafio pra gente dentro da criação musical.
Desde o começo, o que mais empolgava a gente era essa aventura de criar música. E agora, entramos numa nova fase, com um novo olhar sobre o que queremos explorar. Tem muita coisa surgindo, parece uma caixinha sem fundo – a gente vai puxando e sempre aparece mais coisa. E estamos muito empolgados com o que vem por aí.
Então… temos um novo disco vindo aí?
Gabriel: Com certeza, cara! Ainda não sei exatamente como ou quando, mas ele tá vindo.
Aproveitando que vocês estarão por lá, quais shows vocês gostariam de ver?
Bernardo: Vamos ver o Terno Rei, com certeza! Banda incrível. JPEG Mafia também, no mesmo dia que a gente, isso aí é certeza absoluta. E ainda tem o Fountaines no mesmo dia e no mesmo palco que a gente! Vamos ver se a gente dá um jeito de trombar com eles no camarim.
Gabriel: Cara, eu também quero muito ver o Catriel e o Paco Amoroso, que são muito brabos. E, claro, Olivia Rodrigo!

E se fosse um “Dionisiopalooza”, conta 6 artistas que vocês gostariam de ver no line-up?
Bernardo: Cara, vou falar de uns artistas que já foram confirmados em outros Lollas, mas acabaram não vindo. Teve um ano que o Dominic Fike ia vir e cancelou… Queria muito que ele tivesse vindo. Outro que eu queria muito ver era o Tame Impala.
O show do Tame Impala que eu vi no Lollapalooza foi simplesmente o melhor show da minha vida! Juro, foi absurdo! A vibe tava surreal!
Gabriel: O Mac DeMarco, por exemplo! Ele já tocou no Lolla, mas foi no mesmo horário do Red Hot Chili Peppers. Foi triste escolher entre os dois.
Bernardo: Se for pra falar de shows que eu vi no Lolla há 10 anos e queria que voltassem, eu diria Alt-J. Foi um showzão! A gente curte muito Alt-J.
Bernardo: Agora, um sonho mesmo seria ver um reencontro do Rage Against the Machine. Teve uma época em que eles estavam fazendo turnê de volta, mas aí veio a pandemia, tudo parou… Achei que depois disso eles iam engatar de novo, mas meio que não rolou. Se o Lolla quisesse trazer, ia ser épico!
Acho que teve até um cancelamento deles por volta de 2022 ou 2023, não lembro direito. Mas, enfim, esse seria um line-up dos sonhos, né? Quem sabe um dia rola!
Bernardo: Ah, e o Peso Pluma que o Mendão (ou Gabriel) falou, eu também acho que seria da hora. Aliás, esse line-up todo que a gente montou aqui seria absurdo! Ia esgotar ingresso na hora!