Quando o amor pela música atravessa o oceano, o resultado só pode ser emocionante. E é exatamente isso que entrega “Leva Tudo”, o novo single que une o duo pop português Calema ao cantor brasileiro Dilsinho. A faixa já está disponível em todas as plataformas digitais e marca o início de uma nova fase para os irmãos António e Fradique, que agora fazem parte do time da Universal Music Brasil.
Com uma melodia envolvente que mistura o romantismo do pagode brasileiro com a suavidade e o afropop lusófono dos Calema, “Leva Tudo” é daquelas músicas que grudam na cabeça — e no coração. A colaboração é o resultado de quase dois anos de construção, mas o que poderia parecer apenas um encontro musical é, na verdade, uma ponte cultural entre Brasil e Portugal.
Batemos um papo com o duo que falou sobre a ideia da colaboração, a relação com o Brasil e os próximos passos. Confira.
Como surgiu a ideia da colaboração entre vocês para o single Leva Tudo?
A vontade de fazer uma música com o Brasil começou muito cedo. Durante uma visita aos nossos estúdios em Lisboa, tivemos a oportunidade de conhecer a Preta Gil. Passamos algumas horas com ela, aprendemos muito e ela nos falou sobre diversos artistas. No final, ela mencionou o Dilsinho, dizendo que ele seria uma ótima parceria para nós.
Ela nos colocou em contato com ele e, a partir daí, começamos a conversar, trocar ideias e criar uma conexão. Quando o Dilsinho veio a Portugal, nos encontramos no estúdio, compartilhamos histórias e percebemos o quanto nossas trajetórias eram parecidas. Essa conexão se fortaleceu, e ele voltou outras vezes a Lisboa. Quando surgiu a oportunidade, a magia aconteceu e criamos a música Leva Tudo.
Calema, vocês já eram grandes admiradores da música brasileira. O que mais encanta vocês nesse universo musical?
Muito! Todo o processo de composição musical, as histórias, a linguagem… O português do Brasil tem suas particularidades em relação ao que falamos, e gostamos de explorar essas diferenças na composição.
Além disso, o mercado brasileiro é enorme, repleto de criativos. O Brasil tem shows incríveis, gravações de DVDs que são referência, e temos aprendido muito com isso. Já acompanhamos artistas brasileiros como o Luan Santana e o próprio Dilsinho. O país tem compositores fenomenais e profissionais de ponta. É uma escola constante para nós.
E como foi para vocês trazerem o pagode para esse encontro com o Afropop?
Foi uma fusão muito natural. Alguns instrumentos do pagode e o ritmo têm similaridades com a nossa kizomba, tanto na cadência quanto nos passos. Nossas culturas são muito próximas. Trabalhando com produtores africanos e brasileiros, conseguimos criar um equilíbrio perfeito, onde cada instrumento e estilo tem seu espaço. Foi fundamental que os profissionais envolvidos tivessem esse cuidado, garantindo que fãs de ambos os gêneros – pagode e afropop – se sentissem em casa. O resultado ficou incrível, e as pessoas podem perceber isso.
O nome Calema tem um significado profundo, ligado à natureza e à positividade. Como isso influencia o processo criativo de vocês?
O nome Calema tem uma ligação forte com o nosso país, rodeado de praias e ondas. Nós vemos as ondas como uma ponte, algo que traz sorrisos, cultura e luz. Nós nos vemos como essas ondas, trazendo música e alegria para as pessoas. Sempre fomos amantes da natureza. Crescemos no mato, na praia, em ambientes onde a natureza está sempre presente. Para nós, é impossível criar algo sem essa base de inspiração. Cada música que criamos carrega essa conexão.
A música Leva Tudo pode ser vista como uma ponte cultural entre África, Portugal e Brasil. Como vocês enxergam essa conexão lusófona?
A lusofonia tem um papel essencial. Mesmo estando distantes, os países de língua portuguesa compartilham uma identidade comum. Sempre que visitamos um país lusófono, nos sentimos em casa. Por exemplo, quando fomos ao Brasil, encontramos a feijoada, que faz parte da nossa infância. Em Timor-Leste, vimos pratos semelhantes aos de São Tomé e Angola. São esses pontos em comum que fortalecem a conexão.
E a língua portuguesa é a maior prova disso. Ela nos une e, através da música, podemos manter essa ligação viva. Tivemos uma experiência em Timor-Leste, onde descobrimos que a música era o principal meio que mantinha os timorenses conectados à língua portuguesa. Isso reforçou nossa responsabilidade de continuar levando a música cantada em português para o mundo.
Podemos esperar mais colaborações entre vocês no futuro? Vocês e o Dilsinho? Ou até com outros artistas brasileiros?
Com certeza! Nosso objetivo é continuar fazendo música, seja com o Dilsinho ou com outros compositores brasileiros. Queremos fortalecer ainda mais essa conexão com o Brasil, criar novas histórias e inspirar as pessoas através da música. Nosso sonho é continuar unindo o lado africano, português e brasileiro, criando algo novo que as pessoas ainda não ouviram.