O Cirque du Soleil sempre foi sinônimo de encantamento, técnica impecável e uma experiência imersiva que transcende o tradicional conceito de circo. Com Crystal, sua primeira montagem no gelo, a companhia canadense leva seu público a um novo patamar de inovação e estética visual.
Sua estreia aconteceu em 5 de julho no Parque Villa-Lobos, em São Paulo, e seu enredo convida a uma reflexão poética sobre identidade e amadurecimento.
Assistimos Crystal: saiba o que achamos do espetáculo
A trama gira em torno de Crystal, uma jovem incompreendida que, ao cair em um lago congelado, é transportada para um mundo fantástico que reflete suas inseguranças e sua jornada de autoconhecimento. A narrativa explora temas universais, como o sentimento de isolamento, as tensões familiares e a busca pelo próprio lugar no mundo. Apesar de ser envolvente, o enredo, em alguns momentos, não explora totalmente o potencial emocional dos conflitos da protagonista.
Entretanto, a estrutura narrativa que poderia parecer limitada é compensada pela grandiosidade do espetáculo visual. A diretora artística Crystal Manich, que assumiu a equipe após a criação do show, admite que o roteiro está em constante aprimoramento, ajustando “fios soltos”, mas sem grandes mudanças nas acrobacias ou no formato técnico que desafia os limites convencionais de uma apresentação no gelo.
A ausência desse desenvolvimento emocional mais sólido pode não agradar aqueles que buscam uma conexão mais profunda com os personagens. Entretanto, a montagem compensa essas lacunas com momentos de pura magia circense e uma execução técnica impecável. Para muitos, é esse espetáculo visual, mais do que a história, que ficará marcado na memória.
Os desafios no gelo
O verdadeiro protagonista de Crystal é o próprio gelo. A pista de patinação não é apenas um cenário, mas um elemento vivo da narrativa. Os artistas deslizam com uma maestria que combina acrobacias aéreas, malabarismos e saltos típicos do circo com a fluidez e graça da patinação artística. A mistura entre o mundo circense e o gelo confere ao espetáculo uma estética singular e emocionante, ampliada pelas coreografias detalhadas e momentos em que a arte física se aproxima de um balé.
Esse uso inovador do gelo transforma o espetáculo em uma experiência sensorial que vai além do circo. No entanto, é preciso admitir que, por vezes, o deslumbre visual pode ofuscar o desenvolvimento da narrativa. O público se vê mais focado nas acrobacias do que no desenvolvimento emocional dos personagens, o que pode gerar uma desconexão com a história.
Espetáculo conta com alta tecnologia
Os efeitos visuais, com projeções que seguem os movimentos dos artistas por meio de GPS, somados à trilha sonora envolvente, criam um ambiente imersivo e onírico. A produção traz momentos de tirar o fôlego, como na cena do trapézio entre Crystal e seu par romântico, onde a precisão e sincronia entre os artistas é de pura maestria.
Destaque também para o número de Guitar Jump e o “hóquei aéreo”, onde atletas de patinação performam saltos espetaculares em rampas que parecem desafiar as leis da física. Esses momentos são emblemáticos do poder técnico que o Cirque du Soleil imprime em suas produções, mantendo a plateia em um estado de fascínio constante.
Crystal é, sem dúvida, uma das produções mais inovadoras e visualmente deslumbrantes do Cirque du Soleil. Mesmo que o roteiro careça de profundidade, o show entrega uma experiência sensorial que mistura emoção, técnica e magia, especialmente para quem nunca viu um espetáculo circense no gelo. É um convite para uma jornada fantástica, onde o corpo humano e a arte performática se unem em um balé gelado, envolvente e memorável.
Últimos dias em São Paulo
CRYSTAL é a 42ª criação do Cirque du Soleil e a primeira experiência acrobática da companhia no gelo e as apresentações acontecem no Parque Villa Lobos em São Paulo. Para quem deseja assistir e viver essa experiência, o espetáculo estará pela cidade até 06 de outubro. Ingressos disponíveis em Eventim.com.br, a partir de R$180. Confira alguns momentos do show em nosso Instagram.